27 de agosto de 2009

Poesia de quinta

A Carolina, Machado de Assis

Querida, ao pé do leito derradeiro

Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro

Que, a despeito de toda humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs um mundo inteiro.

Trago-te flores, - restos arrancados

Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos

Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.

Este soneto, publicado pela primeira vez em 1906, no livro "Relíquias de Casa Velha", é uma homenagem do mestre à esposa morta, Carolina Augusta Xavier de Novaes.

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