20 de agosto de 2009

Poesia de quinta


Trecho de “Diário de um fescenino”, Rubem Fonseca

Sou um homem sensível ao encanto feminino e acredito que o fato de estar amando uma mulher não me impede de amar outra. Tenho amigos comprometidos com determinada mulher que gostariam de ter uma aventura apaixonante com uma segunda, por comodismo sublimam esse impulso comprando uma gravata nova, um carro ou viajando com a patroa no fim de semana. Esses caras envelhecem mal e perdem a vida antes mesmo de morrerem frustrados, refugiados nos seus mecanismos de compensação. Os japoneses têm um provérbio: o sujeito começa a envelhecer quando não quer mais aprender. Meu provérbio é que o sujeito começa a envelhecer quando não quer mais amar, quando perde o entusiasmo pela comunhão sexual, não tem coragem de enfrentar a intumescência, os refinamentos eróticos e também as desilusões, aflições e a logística exasperante da aventura amorosa.

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