5 de novembro de 2009

Poesia de quinta

Trecho de “Pranto por Ignácio Sanchez Mejías”, Federico Garcia Lorca


O vento levou os algodões
Às cinco horas da tarde.
E o óxido semeou cristal e níquel
Às cinco horas da tarde.
Já lutam a pomba e o leopardo
Às cinco horas da tarde.
E uma coxa com um chifre desolado
Às cinco horas da tarde.
Começaram os acordes de bordão
Às cinco horas da tarde.
Os sinos de arsênico e o fumo
Às cinco horas da tarde.
Pelas esquinas grupos de silêncio
Às cinco horas da tarde.
E o touro sozinho coração acima!
Às cinco horas da tarde.
Quando o suor de neve foi chegando
Às cinco horas da tarde,
Quando a praça se cobriu de iodo
Às cinco horas da tarde,
A morte pôs ovos na ferida
Às cinco horas da tarde.
Às cinco horas da tarde.
Às cinco horas em ponto da tarde.

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