4 de fevereiro de 2010

Poesia de quinta, em homenagem


Trecho de “Pra cima com a viga, moçada!”, J D Salinger

“Mas o que acho que mais comumente se ouve, pelo menos nestes tempos, sobre o curiosamente-produtivo-porém-doente poeta ou pintor, é que ele é, invariavelmente, uma espécie de superdotado mas também sem dúvida alguma um neurótico “clássico”, uma aberração que só de vez em quando, e nunca em grandes oportunidades, quer se ver livre de sua aberração; ou, em linguagem clara, um louco que não raramente, embora digam que ele infantilmente o nega, dá gritos terríveis de dor, como se todo o coração deixasse escapar ambas, a sua arte e a sua alma, só para experimentar o que em pessoas normais passa por bem-estar, e ainda (pelo que se diz) quando o seu pequeno quarto é invadido e alguém – frquentemente, nestes casos, alguém que o ama – lhe indaga apaixonadamente onde é a dor, ele ou declina ou parece incapaz de discuti-la em qualquer nível clinicamente construtivo e, de manhã, quando até os grandes pintores e poetas sentem-se presumivelmente mais leves do que o normal, ele está mais do que nunca perversamente determinado a deixar que o mal siga seu curso.”

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