15 de abril de 2010

Poesia de quinta

A noiva, de Dalton Trevisan em “Capitu sou eu

- Tenho uma amiga que se matou porque o noivo lhe fez mal.
Ela sabia que à noite as flores no ambiente fechado envenenam o ar. Daí encheu o quarto com todas as flores do jardim. Trancou-se por dentro. Acendeu duas velas, uma em cada lado da cabeceira. E deitou-se na cama, de sapato branco e vestido de noiva. Com retrato dele na mão. De manhã, ao abrirem a porta, era mortinha.
- É bonito, Maria. Mas não pode ser. Ninguém morre de gás carbônico das plantas.
- Engano teu, João. Perdida de paixão, minha amiga assim acreditava. E quer mais prova? Ela morreu, não morreu?
- Ainda acho que...
- E morta ficou para sempre.
- ...foi por outra causa.
- Agora, João ingrato, me dá um beijo.
- Não um só. Dois e três.
- Se como te amo você me amasse...
- ?
- ...não duvidava que uma flor mata...
- !
- ...igual ao veneno em teu copo de vinho.

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